O Grupo Anexo Verbal
Criado no ano 2000 por jovens do Jardim Santo Eduardo, periferia de Embu das Artes-SP, o grupo Anexo Verbal trabalha nas rimas do rap as mazelas sócio-raciais das quais são vítimas os moradores das áreas periféricas brasileiras.A vivência dentro da rotina violenta e de esquecimento que bate à porta dos cidadãos habitantes dos subúrbios foi o estopim que acendeu a vontade de lutar dos jovens rimadores: a favela merece saber sua origem, merece condições melhores, tem capacidade e precisa lutar em prol da revolução social. Mas para que tudo isso aconteça é necessário que os oprimidos se levantem e lutem contra tudo o que os oprime.
A caneta, o papel e o microfone ganharam, então, poderes bélicos. Transformaram-se em mísseis de realidade passíveis de despertar os ouvidos do povo às verdades escondidas sob as boas ações de políticos e outros oportunistas. O Anexo Verbal começou a disseminar pelas esquinas da favela as mensagens que concentram o poder atômico da verdade dos marginalizados para proporcionar a estes o exercício constante do pensamento sobre as diferenças que os margeiam da sociedade.
Em dez anos de história, a luta do Anexo Verbal continua. As letras versadas no rap são radiografias das ruas periféricas: retratam a favela que tem cor; o descaso malcheiroso como os córregos que passam aos fundos dos barracos de madeira; os rostos que estendem as mãos sob os joelhos em busca de trocados. O ANV rema contra a lama da negligência estatal usando a linguagem universal do asfalto e do chão de terra batida: o canto falado que é o grito de guerra das esquinas, dos barrancos, das encostas.
Propondo o levante e angariando adeptos à luta por uma sociedade mais igualitária, os integrantes do ANV quebram grilhões e constroem uma nova realidade, tendo consciência de que mesmo a vida real sendo cruel e faminta, por vezes não permitindo a poetização de suas curvas, é necessário anexar os verbos às atitudes para fazer da poesia, revolução. O Anexo Verbal tem a missão de transformar a história utilizando como armas as palavras. Afinal, a vida precisa ser mais do que loka... “Se você acha a vida loka, pra nós e sofrida. Correria, todo o dia mó veneno, vai vendo” – Anexo Verbal.
DJ Correria, Déia e Rodrigo Guerreiro, integrantes no Anexo Verbal
É importante saber que: Em 2001, com o apoio de DPA (sigla para Discípulo da Periferia), membro do grupo Dinastia Urbana, também do Santo Eduardo (Embu-SP), o ANV participou do Festival Rap Brasil, no qual recebeu o primeiro prêmio com a música Lembranças do Passado. A premiação rendeu a participação do grupo em uma coletânea que culminou em várias entrevistas a revistas ligadas à cena do Hip Hop nacional, como Planeta Hip Hop, Rap Brasil e ao programa de rádio com o mesmo nome, na Rádio Imprensa.
É isso aí: bem-vindos à blogosfera.
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